Independente do cargo ou momento da carreira, o que não faltam no mercado de trabalho atualmente são desafios. Para quem sustenta posições de gestão e tem, sob a sua alçada, outros indivíduos para liderar, estes últimos meses se mostraram especialmente difíceis.
Por outro lado, permitiram que os líderes, executivos e gestores acumulassem uma experiência que pode contribuir com colegas e pares que vivenciam essas mesmas situações agora.
Perguntamos aos sócios da Proposito/TRANSEARCH quais são, pela perspectiva de cada um, os principais desafios dos líderes em 2021 e como eles podem caminhar para superá-los. Confira as respostas:
Autoliderança
Demandas vindas de diferentes espectros da vida, ao mesmo tempo em que se lida com a responsabilidade sobre as pessoas que fazem parte da sua equipe. Para o sócio-fundador e CEO da Proposito/TRANSEARCH, André Caldeira, encontrar caminhos para se autogerenciar é um dos grandes desafios enfrentados pelos líderes no contexto atual:
“O líder enfrenta demandas de todos os lados – pandemia, trabalho remoto, desafios na economia, gestão de incertezas, entre outras. Além disso, encara os desafios da gestão de times, dentro do formato virtual, com volume de trabalho muito aumentado, necessidade de estar disponível para as pessoas, e uma linha cada vez mais invisível entre trabalho e vida pessoal”, descreve.
Diante de tantas demandas, é preciso aplicar a máxima do “primeiro, coloque a sua máscara, depois ajude o passageiro do lado”, em que é preciso cuidar, primeiro da sua própria gestão. “Para lidar com tudo isso, tem que se autodisciplinar, cuidando de seu desgaste mental, de uma rotina mínima de exercícios físicos e também de sua estabilidade emocional para lidar com o cenário atual, que acabou sendo muito mais longo e tortuoso do que se pensava inicialmente”, sugere o executivo.
Gestor equilibrista
As incertezas de sempre, multiplicadas e acrescidas do temor sobre a própria saúde e dos familiares. Para Ruth Bandeira, sócia e diretora executiva da Proposito/TRANSEARCH, equilibrar tantas incertezas e o temor sobre o futuro dos diferentes mercados aumenta o risco na tomada de decisão dos executivos.
“Junto a isso, a necessidade de liderar pessoas de uma forma remota o tempo todo. O remoto que era para ser temporário transformou-se em um ano, em um ano e meio e não se sabe quando isso volta de vez. Então, a necessidade de gerenciar as oscilações de engajamento e de produtividade do time, manter o seu time produzindo, manter a saúde mental das equipes, tem sido um desafio muito grande”.
Assim como autoliderança, é preciso buscar o autocuidado com a própria saúde mental dos líderes. Além disso, é preciso jogo de cintura e velocidade na tomada de decisão. “A velocidade na tomada de decisão é imperativa, porque não dá pra você tomar a decisão depois, tem que ser rápido e tem que se avaliar rápido também o resultado disso”, comenta.
Times criativos e engajados
“Acredito que um dos maiores desafios (se não for o principal) para as lideranças na atualidade, amplificado na conjuntura pandêmica que estamos vivendo, é trabalhar o engajamento dos times”. Para a sócia e diretora executiva da Proposito/TRANSEARCH Denise Klein, o engajamento pode ser conceituado como um estado mental e emocional que faz com que o colaborador faça o seu melhor, de forma continuada e saudavelmente.
Essa dedicação, de acordo com ela, “impulsiona a performance e retenção das equipes e está diretamente relacionada ao engajamento da própria liderança. Se a liderança é responsável pelo nível de engajamento dos seus liderados, o que fazer para estimulá-lo? Considerando como fundação a relação de confiança mútua, o líder pode e deve incentivar seu time para a co-construção, abrir espaço para criatividade, exercitar a cultura de feedback permanente e reconhecimento das conquistas das suas pessoas e adotar ele, líder, uma atitude de aprendizado ativo e constante hábito de ter conversas humanizadas com os seus liderados, indo além do esperado foco nos objetivos e resultados.”
Encontrar espaço para essa escuta ativa é um grande desafio especialmente para aqueles que não têm o hábito de escutar e de praticar a horizontalidade na rotina de trabalho. Mas, é necessário para que se possa desconstruir a máxima “Pessoas não deixam empresas, deixam gestores“.
Lidar com as incertezas
O momento atual impõe uma série de desafios para praticar uma liderança eficiente. Para o sócio e diretor executivo da Proposito/TRANSEARCH Felipe Laufer, são dois os mais emergentes: encontrar saídas para a atual situação econômica gerada pela pandemia de coronavírus e planejar o futuro com uma dose razoável de assertividade.
“O primeiro diz respeito ao tempo presente, de conseguir buscar saídas para dificuldades de negócio impostas pela pandemia e pela situação econômica do país, e que ainda devem perdurar pelo menos até o fim do ano. Indústrias de segmentos diferentes têm sido afetadas de maneira distinta pelo momento: algumas têm baixa demanda por seus produtos, ou sofrem demais com o câmbio desvalorizado. Outras estão enfrentando falta de matéria prima e um mercado demasiadamente aquecido (caso de eletrodomésticos e acabamentos para construção civil, por exemplo)”, comenta.
O segundo, de acordo com ele, diz respeito ao futuro próximo: “são muitas as variáveis que compõem o planejamento estratégico de curto e médio prazo para as companhias, e boa parte delas carrega uma dose muito grande de incertezas (seja em relação ao câmbio, ao mercado doméstico, à situação política do país e mesmo em relação à pandemia). Equilibrar estes dois cenários, presente e futuro, certamente é um desafio e tanto para os gestores”.