Apenas 26% dos trabalhadores norte-americanos acredita de fato que o feedback que recebem melhora seu desempenho no trabalho. O número é do ano passado, quando uma pesquisa da Gallup mostrou que, embora reconheçam a importância de oferecer esse tipo de informação aos colaboradores, a grande maioria dos gestores falha na tarefa.
Por que esse número é tão baixo? De acordo com o que diz a psicóloga cognitiva LeeAnn Renniger em um TED Talk lançado neste ano, o problema reside em uma falha na comunicação estabelecida entre líder e liderados no momento em que o feedback é oferecido.
Uma falha que não necessariamente é “culpa” de alguém. Imagine uma situação em que o gestor de uma agência de publicidade diz à sua equipe que pré-aprovou uma arte, mas que gostaria que a cor utilizada fosse substituída por verde.
Para ele, essa informação é precisa, porque, enquanto verbaliza esse feedback, em sua mente, o gestor visualiza exatamente o tom de verde desejado. Contudo, existem pelo menos 100 diferentes tipos de verde já catalogados. Ou seja, as chances são enormes de que o designer que está recebendo aquele retorno vislumbre uma tonalidade que destoe daquela que seu gestor imaginou.
Em um mundo formado por subjetividades, ser preciso e objetivo é o remédio para se certificar de que seus comentários estejam no caminho certo.
Feedback de qualidade
Observar a forma como uma palavra é construída, etimologicamente, é uma bela forma de entender, de fato, o que ela significa. Se cada gestor lesse com atenção a construção do termo em inglês feedback, provavelmente teríamos empresas com culturas organizacionais mais saudáveis e eficientes.
“Feed“. Alimentar, abastecer, suprir. “back“. De volta, em retorno. Um bom feedback devolve a quem escuta algo com que alimentar sua necessidade por evoluir.
Ter isso em mente ajuda o gestor a desenvolver suas técnicas de feedback de maneira amigável, nem muito confusa ou aberta, e, por outro lado, sem ser tão direto que possa ser interpretado como ríspido. Um feedback de qualidade não coloca o ouvinte na defensiva – pelo contrário, alimenta sua gana por melhorar.
Outra característica essencial de bons feedback givers é que eles próprios estão sempre solicitando comentários sobre sua própria atuação, o que que cria a sensação de que estão dispostos a ouvir, aprender e melhorar, inspirando indiretamente os colegas.
A skill mais importante
Em artigo para a Cambridge University Press, o executivo e coach Bob Dignen defende que a capacidade de oferecer um bom feedback é, possivelmente, a skill mais importante de um líder. Segundo ele, estamos a todo o tempo emitindo nossa opinião, ainda que não seja verbalmente, com nossa expressão corporal.
O feedback nada mais é, de acordo com o texto, uma palavra diferente para uma forma de “escuta efetiva” e um indivíduo preocupado em impactar quem vai recebê-lo enxerga nessa prática uma oportunidade para motivar, para desenvolver uma melhor performance.
Da mesma forma, ao receber com atenção um comentário do tipo, o profissional deve enxergá-lo como uma maneira de continuar aprendendo.
