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O futuro do trabalho é menos assustador do que você imagina

Publicado em 04/06/2019

Quando pensamos em futuro do trabalho, é normal vir a cabeça algo parecido com o filme de Charles Chaplin “Tempos Modernos”, de 1936. Se não essa cena, com certeza algo como o desenho dos Jetsons, onde a principal responsabilidade de George era apertar um botão.

Máquinas brilhantes, ambiente claro e branco, telas enormes e robôs. Muito se especula, muito se imagina, mas a verdade é que esse “futuro” está mais perto do que poderíamos prever, e que ele não se trata apenas de máquinas ou robôs.

Em tempos de automação de processos, não surpreende termos receio de como será o trabalho daqui em diante. As tecnologias vêm alterando as formas de trabalhar, os relacionamentos entre as equipes e até os modelos de negócio. E esse “desconhecido” resulta em uma ansiedade natural sobre questões simples como: haverá trabalho para todo mundo em 10, 20 ou 50 anos?

Humanos x máquinas

Os robôs ou as máquinas estão cada dia mais à frente de tarefas antes realizadas por colaboradores. E é fato que as revoluções industriais foram pautadas por descobertas e avanços tecnológicos. Por conta disso, é natural normal imaginarmos que em certo tempo haverá menos espaço para a força de trabalho humano. Ainda assim, não há o que temer: o cenário previsto é mais otimista do que poderíamos imaginar.

De acordo com o estudo Tech is human: o futuro do trabalho, feito pelo Linkedin em parceria com a Worth Global Style Network, o futuro do trabalho é “híbrido”. Ou seja, as máquinas e os seres humanos trabalharão juntos, de forma complementar. A pesquisa de tendência explica que, apesar de termos mais atividades operacionais automatizadas, outras demandas surgem para suprir as novas necessidades dessas operações. É necessário criar essas tecnologias, refiná-las, treiná-las (pensando em inteligência artificial) e liderar novas operações.

Com um pensamento ainda mais otimista, Kai Fu Lee, fundador da empresa chinesa Sinovation Ventures, disse em reportagem à Forbes que há funções e skills que dificilmente serão substituídas pelas máquinas. Como é caso dos pesquisadores e professores da Academia, dos cargos estratégicos e de gestão ou ainda de funções que necessitem de empatia e humanidade, como cuidadores e psicólogos.

Novo cenário e o novo profissional

O relatório de 2016 do Fórum Econômico Mundial constata ainda que 65% das crianças que estão hoje no Ensino Fundamental terão trabalhos que ainda não existem. E, mesmo que seja impossível visualizar essa nova realidade, alguns aspectos dos novos empregos já começam a se tornar tangíveis.

Entender o novo profissional é complexo, mas possível. Uma importante tendência já sendo observada é o crescimento dos trabalhos autônomos e freelancers. Outro aspecto é o trabalho remoto possibilitado pela melhoria da tecnologia em nuvem, fazendo com que os trabalhadores estejam total ou parcialmente fora do escritório.

Para compreender melhor como agiremos no novo cenário disruptivo do mundo do trabalho, podemos relacionar as competências que as novas tecnologias demandam com as características das novas gerações. Bernard Marr escreveu para a Forbes sobre as skillsrequeridas para nos adequarmos ao futuro do trabalho. Algumas exemplos: criatividade, inteligência emocional, abertura para aprendizado constante e liderança.

Entender as novas gerações que vão tomar conta do mercado de trabalho é também essencial. Cada geração tem características próprias da época em que nasceu e foi criada. Profissionalmente falando, por exemplo, a Geração Z prioriza relações de transparência, crê na flexibilização da carga horária, é mais diversa e ainda mais digital. Já o Millennial é por natureza mais inquieto, menos acomodado e mais provocado a procurar a satisfação pessoal, além da realização através do trabalho.

Nesse sentido, o estudo do Linkedin conversa ainda com o livro The Job: Work and Its Future in a Time of Radical Change, da autora Ellen Ruppel Shell. A autora discorre sobre o sentido do trabalho, a mudança de perspectiva sobre o propósito por trás daquilo que fazemos todos os dias e a concepção do que é sucesso ao longo da história.

Uma das indagações do livro é sobre como liderar essas pessoas tão diferentes, com diversas ambições e formas de entender o trabalho em si, ainda mais em tempo de mudanças de gerações e tecnologias. Ela comenta que “our challenge is helping people find and sustain work that offers them an opportunity to make a contribution, to make them feel worthwhile, and to make meaning for themselves.” (em tradução livre: nosso desafio é ajudar as pessoas a encontrarem e manterem um trabalho que ofereça a oportunidade de contribuir, que os faça se sentir importantes e que tenha um significado para eles próprios).

É claro que diferentes e muitos desafios estão por vir com a novas circunstâncias que enfrentaremos no mundo do trabalho, assim como em qualquer outro momento de grandes mudanças tecnológicas. As corporações precisam se adequar aos novos valores dos profissionais, os líderes devem se moldar para entender o perfil das novas gerações e, enfim, todos precisam se reciclar para estar em dia com a nova realidade.

Mas uma coisa é certa, é preciso estar atualizado, buscar novos conhecimentos e, principalmente, desenvolver o senso inquisitivo para o domínio de perguntas e questionamentos de valor. Afinal, este é um diferencial importante do homem sobre as máquinas.