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O que já aprendemos com a pandemia sobre autonomia e flexibilidade.

Publicado em 15/10/2020

Pouco mais de seis meses desde o aparecimento dos primeiros casos, não é exagero dizer que a pandemia de coronavírus transformou o mundo, reestruturando processos e formas de trabalho. Do ponto de vista corporativo, a situação ditou transformações e criou novas necessidades, além de tornar algumas práticas obsoletas.

Talvez tenha sido o fim das reuniões intermináveis e sem propósito, por vezes tão pouco eficientes. Por outro lado, tanto tempo na frente das telas criou outras necessidades e tipos de estresse – como a Zoom fatigue

Além dos desafios impostos sobre as rotinas de trabalho dos mais diversos patamares dentro das companhias, é possível afirmar também que a pandemia evidenciou ou fortaleceu a importância de algumas competências e habilidades dos profissionais. 

Uma pesquisa desenvolvida pela consultoria BTA para o Valor Econômico entrevistou 532 executivos para identificar aspectos que mudaram nos primeiros quatro meses de pandemia no Brasil.

A sensação de responsabilidade aumentou consideravelmente para 90% dos executivos. Eles apontaram algumas características que passaram a ser ainda mais valorizadas nas companhias: a capacidade de adaptação e a proatividade ao realizar as tarefas cotidianas.

Confiança para descentralizar 

A fórmula é simples: em um cenário de incertezas, 60% dos executivos sentiram que a necessidade de apoio do líder para resolver problemas cresceu. Portanto, passaram a valorizar ainda mais aqueles colaboradores que demonstraram autonomia e discernimento para lidar com as situações que se apresentavam.

Se o líder se descuida, corre o risco de se sobrecarregar ao exigir que, mesmo à distância, todas as demandas passem por ele antes de serem finalizadas. Essa descentralização pode partir do funcionário, o que torna a vida do gestor mais fácil. Contudo, demanda uma relação de confiança e desprendimento do líder.

Segundo a pesquisa do Valor, os líderes sentiram – em si próprios e nos liderados – a necessidade de mais flexibilidade e agilidade. Se não é mais possível empregar os mesmos processos vigentes na rotina pré-pandemia, é preciso desapegar do “antes” e flexibilizar formatos, modelos de trabalho e prazos para o “depois”.

Em julho deste ano, 522 mil empresas já haviam fechado as portas por conta da crise de saúde pública. Cerca de 8,9 milhões de pessoas perderam o emprego no segundo trimestre de 2020, de acordo com o IBGE. Nos casos em que o downsizing foi o caminho encontrado pelas companhias para lidar com o contexto econômico, no retorno aos escritórios, as equipes já estão ou estarão menores, o que também valoriza os colaboradores mais generalistas e flexíveis, com facilidade de uso das tecnologias e que aprendem com agilidade.

A valorização destas skills não é novidade: a facilidade de aprendizado é considerada por muitos executivos a competência mais importante do século 21, seguida pela resiliência e pela agilidade. O contexto de incertezas só fez evidenciar a necessidade destas e de outras habilidades como a facilidade para solução de problemas, a criatividade e a comunicação.